setembro 01, 2010

Heroína disfarçada.



Seus fios de cabelo com raízes esbranquiçadas, a pele clara com leves manchas, olhos fundos e olheiras, traços de cansaço representavam uma dura realidade. Com quase totalidade de sua idade dedicada ao trabalho, sua postura deixou de demonstrar força, e passou a representar o maltrato da vida. "Indefesa" é o adjetivo que passa pela mente ao cruzar o caminho dessa mulher. As palavras, que na maior parte do tempo são firmes em excesso, revelam o descontrole emocional que a abala -resultado, novamente, dos anos de trabalho. Sorrisos e risadas levemente envergonhadas deixam à mostra uma intimidade preservada e ingenuidade intacta de uma mulher formada que não teve infância. O olhar com o restante de um brilho ofuscado não passa despercebido; ali, uma guerreira é mantida em segredo. Armada com forças renovadas pela fé e protegida pelo peito que poucas vezes se vê estufado.



Moldada, julgada e judiada pela sociedade, "senhora" minha mãe mantém-se assim: preparada para qualquer guerra programada, ou inesperada. Uma heroína disfarçada.