fevereiro 13, 2011

Pare e pense.


Seria muito bom se todos os relacionamentos que temos fossem frutos de expectativas determinadas. Se, por exemplo, no primeiro encontro de um casal ambos fossem com uma enorme placa pendurada no pescoço onde dissesse a real intenção; "Quero carinho.", "Só conversar.", "Estou pronto(a) para casar.", ou até mesmo "Apenas sexo!". Assim ninguém criaria expectativa alguma, ninguém teria que inventar desculpas para pôr um fim e nenhum lado sairia entristecido pela incompatibilidade. É claro que para isso acontecer, seria necessário contar com a sinceridade do outrem. Dá para contar com essa habilidade, hoje em dia?

Por que há tanta expectativa em volta de uma vida, de uma novidade? Por que falta sinceridade em todos os lugares? Que medo é esse de falar a verdade? De onde surgiu? Quando surgiu?
Perguntas, apenas perguntas. Perguntas sem respostas fundamentadas.

O fato é que a sociedade vem ensinando, em uma ótima performance, a mascarar as ideias e os sentimentos. Tem trazido no dia-a-dia sensações de abandono interior e pouco caso para laços que poderiam ser criados. De um jeito escancarado, e algumas vezes sutil, tem feito dos seres humanos pequenos brinquedos que ela mesma trata de manipular. Acaba, por fim, tendo em mãos o controle da razão e da emoção, restando-nos atos amedrontados e duvidosos. Há aqueles que se adaptaram rapidamente e não se importam com a maneira como o mundo vem girando, no entanto, do outro lado existe ainda um grupo perdido tentando encontrar o caminho de volta. Este grupo, devo dizer, nada mais é senão daqueles que ainda sentem e que, por sentirem, estão sentindo seus poderes humanos serem arrancados sem qualquer permissão. É doloroso o processo, pois vem em cada ato de coragem de tomar uma atitude que a pouca esperança restante se quebra, é quando a tão faltosa sinceridade se questiona se deve mesmo existir. E neste exato momento é que alguns desistem de lutar. Não são fracos, não são covardes. Estão apenas cansados.

O modo como as pessoas vem agindo é absolutamente questionável, e cada dia que passa é mais visível como tantos já desistiram. Está se tornando a unica saída, e isso nos leva a cair em uma fase de adaptação a infelicidade nossa e de futuras gerações. Estamos sendo programados a não falar, não ouvir, não tocar e não sentir. Qual a razão? A realidade logo não existirá mais. Criar expectativas é um erro, porque a chance de se decepcionar é igual a de ser surpreendido positivamente, mas como não criá-las se apenas está sobrando a imaginação de felicidade?