
A cada amanhecer ouço um barulho,
Um som incômodo de vidros sendo triturados.
E o volume fica cada vez mais alto.
No espelho, vejo que o reflexo se faz presente em meus olhos,
Enxergo os hormônios explodirem,
O sangue correr.
Meus joelhos se batem, se esfolam.
Minha mente perturba, lembra e relembra os sonhos
De alguém que um dia foi criança;
Alguém que esconde essa criança.
Na rua, posso ver alegria, paixão, carícias intermináveis,
Na vida daqueles que me cercam,
E que não conheço, no entanto.
Observações e anotações não faltam,
Por baixo de toda essa pele que me cobre,
Há palavras.
Palavras estas que, quando juntas, descrevem cada dia
Cada ferida que esses vidros rompidos fizeram;
Palavras que não me permitem esquecer os sonhos que se perderam.
Sinto que falta gente, falta humano, falta ser.