novembro 08, 2010

Carta Resposta.


Primeira carta: Trata-se de uma moça, Roberta, que escreve para sua mãe sobre a gravidez que não havia sido planejada por ela e o namorado. Relatava o anseio de abortar devido a não aceitação do namorado, Fernando, diante da situação, usando como apoio a falta de forças para ter um filho de alguém que a deixou sozinha em tal circunstância. (Feito por Paula)

Resposta:

Minha querida filha Roberta, preciso confessar-lhe que à medida que meus olhos rolavam por suas palavras, eles fizeram com que as gotas de lágrimas saíssem e me umedecessem a face. Por quê? Vou lhe contar.

Quando mais nova, nos meus dezenove anos, não havia algo que me fizesse pensar em casamento e filhos. Vivia cada dia como se fosse o meu último de vida, e isso, é claro, me trouxe inúmeras aventuras mal pensadas. Ficar fora de casa era melhor que encarar o melaço carinhoso dos meus pais. Por fim, engravidei. Meu mundo caiu. Afinal, o pai era alguém que eu definitivamente não admirava, e eu sabia que esse sentimento era recíproco. Pensei, como você, em abortar. Literalmente tirar de mim o fruto da minha irresponsabilidade. No entanto, o apoio de meus pais, seus avós, e o segredo mantido para que a outra parte, o pai, não descobrisse foi o que me fez desistir e querer encarar essa situação inesperada. Permiti o crescimento da criança dentro de mim, deixei de lado todas as minhas preocupações em relação ao meu físico, e então superei. E eis que você nasceu. Por favor, minha eterna princesinha, não pense que é apenas o resultado de uma aventura, pois nos nove meses de gestação você me fez provar o gosto do verdadeiro amor de mãe para filha e, talvez inocentemente e com toda a modéstia, de filha para mãe. Foi a cada chute seu e conversa silenciosa nossa que me fez acreditar que a decisão de não abortar havia sido a mais certa e inteligente.

Quanto ao Fernando, meu anjo, peço que tenha um pouco de paciência. Vocês se amam e é algo absolutamente visível. Sem querer defendê-lo, imagino o quão doloroso e difícil deve estar sendo para ele. Ele é homem, minha linda, e você sabe como homens lidam com esse tipo de surpresa, não é?! E caso ele realmente largue toda a plenitude que construíram até hoje por conta dessa vida que foi gerada, te imploro que repense e considere todas essas palavras que compõem esta carta que te escrevo.

Com amor, sua mãe Angélica.


PS: Quando descobri que estava grávida, também achei que não suportaria ter um filho de alguém que sequer gostava de mim. E veja onde estamos. Veja onde chegamos. Somos eu e você. Você, MINHA filha.