
"O importante é ser você, mesmo que seja estranho,
Seja você, mesmo que seja bizarro"
"O importante é ser você, mesmo que seja estranho,
Seja você, mesmo que seja bizarro"
Bom, faz um tempo que converso com alguém por Email e que me fez algumas perguntas que, se lhes importam ou não, postarei porque acho que são válidas e têm sentido já que pouco sobre mim tem aqui.
- Seus textos são descrições de experiências suas? -
Nem todos. Alguns não passam de uma loucura momentânea, outros são anseios, outros sonhos que tive, outros realmente aconteceram, outros são meio a meio e etc. Acredito que a maior graça seja manter esse “enigma” de realidade ou não. Gosto de não identificá-los. Durante certo tempo usei o pseudônimo Antonietta, que logo abandonei justamente por já deixar certa marca de acontecimento.
- A maioria das coisas que escreve tem um ar melancólico. É de propósito? -
Não. Nada proposital. Escrevo sempre quando estou com sentimentos acumulados, e os únicos sentimentos que acumulo são os “ruins” que não quero espalhar pelo mundo. Quando estou cem por cento vida não sinto vontade alguma de escrever já que posso somente sorrir.
- Por que não tem como comentar no seu Blog? -
Ver “0 comentários” me desanimaria, com certeza. Evito qualquer tipo de desânimo. Por isso.
- Seu pessimismo é sua marca? -
Não tenho marca. Sou bastante realista com uma dose de pessimismo e outra de utopia.
- O que te faz escrever textos que abordam tema que envolva preconceito? -
Ah! Depende. Discussões em sala de aula, opiniões alheias que leio em comunidades do Orkut, reportagens...
- E por que toma esse partido de escrever a respeito? -
Acredito que sou de uma geração que as pessoas não pensam muito para falar. Já feri muita gente por fazer o mesmo e hoje tento mudar isto. Nunca sabemos quem nos ouve. Ao falar de homossexualidade, suicídio e coisas do gênero, a preocupação não tem que ser só com o que diz, mas também com como diz e para quem diz. Pode parecer clichê, mas é como penso... Não são todos que sabem expor a opinião sem ofender ou fazer do assunto uma piada/julgamento. Uso meus textos como uma forma de “resposta”, apesar de saber que são poucos os que lerão.
- O que mais te irrita pela internet? -
Sem dúvida alguma esses politicamente corretos que são, na realidade, seguidores de moda. Fico tomada por raiva quando noto que de repente todos viraram pessoas depressivas, homossexuais, sofredores, suicidas, apaixonados por francês e etc.. Fico realmente revoltada.
- Julga-se uma pessoa intensa? -
Às vezes sim, às vezes não.
- Parece ser bastante sentimentalista. É só impressão? -
Não! Embora eu tente muito agir pela razão, meu emocional sempre grita. Sou a favor do amor, da paz, a união, do carinho, do afeto, da raiva, dos sentimentos em geral. Adoro sentir que as pessoas agem por impulso, certas vezes, simplesmente por estarem seguindo seus corações. É um pouco mais de humanidade (mesmo tendo toda essa ladainha de racionalidade e tal).
- O que te falta para ser perfeita? -
Talvez tudo, talvez quase tudo. Minha perfeição, ou falta dela, vai dos olhos de quem me olha; de quem me enxerga. Sei que dentro de mim há sentimentos de sobra para dar, que na minha cabeça existem sonhos que poderiam te fazer rir ou me achar uma boboca. E por aí vai... Não gosto de pensar muito nisso.
- Os seres humanos parecem te preocupar. Preocupam? -
Já chegaram a ser um belo ponto de interrogação pra mim, até que me dei conta que também sou um. Hoje em dia me preocupo mais em passar no vestibular e alcançar meus objetivos.
- Quais seus objetivos? -
Não sei ao certo. Ultimamente tenho focado em um só: passar no vestibular. Sei que tenho outros, mas sempre acabo os esquecendo. Um erro, eu sei, mas enfim!
- Você já falou muito sobre desfazer amizades. Como é isso pra você? -
Hoje em dia já é quase normal, tanto é que chamo de “desfazer laços”. Tenho um defeito de só ter comigo pessoas que têm os mesmos tipos de comportamento/pensamento que eu. Gosto de me sentir fazendo parte de algo, ao contrário de sair discutindo por pontos certos e errados. Já tentei fazer diferente, mas não dura muito. As pessoas não têm paciência comigo e nem eu com elas, então evito decepções minhas e alheias.
- O que a foto do seu perfil quer dizer? -
Certa vez, faz pouquíssimo tempo, li algo sobre “Pessoas da alma”, achei bastante interessante e me identifiquei um bocado, dizia sobre não dar valor as coisas materiais e valorizar mais as coisas simples da vida, foi quando resolvi tirar essa foto e colocá-la aqui.
- Qual a sua maior frustração? -
Grande parte das vezes eu me vejo sozinha, em relação a amizades, o que me resulta uma vida pacata. E outra parte das vezes eu me sinto fora do contexto da minha realidade (ou da realidade das pessoas que têm a mesma idade que eu). Acho que só isso.
- Como você se descreve? -
Uma pessoa normal. Que resmunga, que sorri, que chora, que xinga, que fala palavrão quando ta nervosa, que tenta sempre ser melhor, que desanima e tudo mais.
- Uma frase, um texto, um trecho:
“Ela era tão jovem, tão solitária e ingênua, que se imaginava uma espécie de recipiente a ser preenchido de amor. Mas não era nada disso. O amor estivera dentro dela o tempo todo e só se renovava ao ser doado.” – O guardião de Memória.
- Qual a sua idade? -
Tenho 16 anos de idade. (Jun 04)
-
É isso só. Não sei se tem algum valor, mas achei interessante.
jovemescritora.luz@gmail.com
"Onde tudo parece terminar, é onde tudo, na verdade, tende a dar continuidade."
Foi nesta conclusão que cheguei após ter me tornado vítima do preconceito. Sentir a maldade alheia raspar em minha pele é doloroso, e nada poder fazer para combater esse mal é pior ainda. Não é fácil; nem um pouco fácil, aliás! Ter meus direitos arrancados sem qualquer pudor por uma simples “anomalia” foi o ápice da minha transformação de humano para bicho que a sociedade me fez passar. E bicho, devo dizer, da pior espécie, para os olhos de muitos. Atos simples me foram proibidos ou terrivelmente postos em discussão. Abraçar, beijar, ter relação sexual, AMAR, tornou-se caso de polêmica. Meus desejos passaram a ser um risco para a sociedade, e mesmo com toda a informação escancarada, sou uma ameaça!
O fato é que há treze meses venho observando a sociedade humana, ou, como prefiro chamar, esta selva ingrata. Presenciei momentos nos quais pude perceber que as vítimas, em algum momento, também se tornam as agressoras. É um tipo de experimento para saber o prazer do fazer mal a alguém. Coisa que até então, eu nunca imaginei que seria possível. É um ciclo que nunca acaba e que me faz pensar que onde tudo parece terminar, é onde tudo, na verdade, tende a dar continuidade. Consegui notar que o senso comum fala mais alto que provas científicas, que estudos, que meios concretos.
Sou branco, tenho cabelos escuros, olhos castanhos, alta estatura, peso adequado, heterossexual, vinte e três anos. Meu nome era Renato Augusto, mas há treze meses se tornou “Soropositivo”. Prazer! Meu nome atual, como o antigo, só se torna conhecido quando necessário. Dizê-lo, no entanto, tem exigido muito mais coragem e autoconfiança. Sei que ao me apresentar, hoje, essa combinação de doze letras que formaram um nome, o qual meus pais não escolheram, tem muito mais significado. Tem sinônimos como “medo”, “doença”, “distância”, e, acredite quem quiser, “morte”. Antes de me aproximar, minha atitude inicial quase que obrigatória é passar informações sobre o vírus HIV e como pode ser transmitido, além de explicar que há como evitar tal acontecimento –a transmissão.
Sei que, sem querer, atualmente sou rotulado por ter em meu corpo um vírus que não pedi para que fizesse parte de mim. Acidentes acontecem e aprendi a estar disposto a superá-los, caso me ocorram. Continuo sendo o homem cuja carteira de identidade apresenta o nome Renato Augusto. E sei que tenho muito mais a agregar que somente um vírus.
Mas será que todos se lembrarão disso ao saberem da minha condição?
Com solidão,
Soropositivo.
A cada amanhecer ouço um barulho,
Um som incômodo de vidros sendo triturados.
E o volume fica cada vez mais alto.
No espelho, vejo que o reflexo se faz presente em meus olhos,
Enxergo os hormônios explodirem,
O sangue correr.
Meus joelhos se batem, se esfolam.
Minha mente perturba, lembra e relembra os sonhos
De alguém que um dia foi criança;
Alguém que esconde essa criança.
Na rua, posso ver alegria, paixão, carícias intermináveis,
Na vida daqueles que me cercam,
E que não conheço, no entanto.
Observações e anotações não faltam,
Por baixo de toda essa pele que me cobre,
Há palavras.
Palavras estas que, quando juntas, descrevem cada dia
Cada ferida que esses vidros rompidos fizeram;
Palavras que não me permitem esquecer os sonhos que se perderam.
Sinto que falta gente, falta humano, falta ser.