março 18, 2010

Contáveis fios grisalhos.


"Esse privilégio de sentir-se em casa em qualquer lugar pertence apenas aos reis, às prostitutas e aos ladrões" (Honoré de Balzac)


Passam as horas. Passam os dias. Sinto-me fora do ritmo em que o mundo gira. Ou melhor, permaneço sentindo essa sensação. Pode parecer estranho, e mais, um tanto repetitivo. Mas sinto-lhes, nada posso fazer para que mude essa minha situação.

Acontece que está gritante a incompatibilidade entre Eu e o Mundo. E quando digo “Mundo”, é ele mesmo; ele e as pessoas que o habitam.

Os dias vão passando, e eu ainda estou parada, com o peso nos ombros que me faz inclinar o corpo. A exaustão de acreditar em uma melhora tem se tornado clara e absolutamente visível. Continua, ainda, apenas eu e minha xícara de café. E claro, algumas meras palavras cuspidas ao vento.

Cansei-me dessa luta interminável e cansativa. Igual quando se prende um mosquito em um copo, vai vê-lo lutando contra o vidro, em vão. Vai vê-lo girar para lá e para cá, chegando a machucar-se para tentar fugir daquele lugar que não o pertence. É. Exatamente assim. O mundo não me pertence, ou talvez eu que não pertença a ele. Que seja!

O fato é que quanto mais olho em volta, e quanto mais discursos ouço, mais acredito que sou antiga desde nova.

Desde agora.